Saturday, August 15, 2009

A história das prisões secretas da CIA

Em março de 2003, dois agentes da CIA surpreenderam Kyle D. Foggo, na época o chefe da principal base europeia de suprimentos da agência, com um pedido incomum. Eles queriam a ajuda dele para construir prisões secretas para deter alguns dos terroristas mais ameaçadores do mundo.

Foggo, apelidado de Dusty, era conhecido dentro da agência como um operador que bebe uísque e fuma charuto, alguém que consegue que um avião de carga voe em qualquer parte do mundo ou obtém rapidamente armas, dinheiro, alimentos - qualquer coisa que a CIA precisar. Sua unidade em Frankfurt estava sobrecarregada pelas operações da agência de espionagem no Afeganistão e no Iraque, mas Foggo aceitou a tarefa.

"Era um assunto sensível demais para ser tratado pelo quartel-general", ele disse em uma entrevista. "Eu estava orgulhoso em ajudar meu país."

Foggo passou a supervisionar a construção de três centros de detenção, cada um construído para abrigar cerca de meia dúzia de detidos, segundo ex-funcionários da inteligência e outros informados sobre o assunto.

Uma prisão ficava em um prédio reformado em uma rua movimentada de Bucareste, Romênia, revelaram os funcionários. Outra ficava em uma estrutura de vigas de aço em um local remoto no Marrocos, que aparentemente nunca foi usada. A terceira, outro projeto de reforma, ficava nos arredores de outra cidade do antigo bloco Oriental. Elas foram projetadas para parecer idênticas, de forma que os prisioneiros ficariam desorientados e não saberiam onde estavam caso fossem levados de um lugar para outro. Eles eram mantidos em celas isoladas.

A existência da rede de prisões para deter e interrogar agentes importantes da Al Qaeda há muito é conhecida, mas os detalhes sobre elas eram mantidos em segredo. Em entrevistas recentes, entretanto, vários ex-funcionários da inteligência forneceram um relato mais amplo de como foram construídas, onde ficavam localizadas e como era a vida dentro delas.

Foggo reconheceu seu papel, que nunca antes tinha sido informado. Ele se declarou culpado no ano passado de uma acusação de fraude envolvendo uma empresa que equipou as prisões da CIA e forneceu outros suprimentos para a agência. Ele agora está cumprindo uma pena de três anos em um presídio em Kentucky.

As prisões da CIA se transformariam em um dos programas mais extraordinários de contraterrorismo do governo Bush, mas montá-las foi bastante mundano, segundo funcionários da inteligência.

Foggo fez uso dos contadores e engenheiros da CIA e de trabalhadores das empresas prestadoras de serviço para construir as prisões. Quando elas se aproximaram da conclusão, ele se voltou para uma pequena empresa ligada a Brent R. Wilkes, um velho amigo e um prestador de serviços para as forças armadas em San Diego.

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